MITO: As aplicações aéreas sempre sofrem deriva.
A deriva (quando a nuvem do produto se desloca para fora da faixa de aplicação) é realmente um risco, mas que pode ocorrer tanto na aplicação aérea quanto na terrestre (mesmo pulverizadores costais), quando não são observadas as condições meteorológicas ideais (umidade relativa do ar, vento e temperatura) e a regulagem dos equipamentos.
Isso foi, inclusive, tema de uma pesquisa de campo ocorrida em 2017 (clique para ler), em Goiás, em uma parceria entre o Sindicato Rural de Rio Verde, Universidade de Rio Verde, Instituto Federal Campus Rio Verde, Sindag e outras entidades. Na ocasião, os testes foram realizados com avião, pulverizador autopropelido terrestre e pulverizador costal. Todos fazendo uma aplicação com água em momento de parâmetros ideais de aplicação e outra aplicação com parâmetros adversos. A análise de até onde foram as gotas foi feita com uso de papéis hidrossensíveis amarelos, onde o ponto de contato de cada gota captada fica azul.
As três ferramentas tiveram deriva para fora da área delimitada, na simulação da aplicação irregular (com vento, temperatura e umidade fora dos parâmetros).
E aí vem a ironia: para o equipamento costal, os papéis hidrossensíveis foram colocados a uma distância de até 30 metros perpendicularmente ao traçado de aplicação – os próprios pesquisadores acharam que não seria necessário mais do que isso. Resultado: pelo tamanho e grande quantidade de gotas presentes no último ponto de captação, ficou claro que a deriva havia ido muito mais longe, tornando o teste inconclusivo para a ferramenta.
Depende, então, dos cuidados na hora da aplicação, e não da ferramenta. E aí o avião, na verdade, leva vantagem sobre os equipamentos terrestres, já que pela sua velocidade a precisão consegue iniciar e terminar uma área antes da mudança dos parâmetros ideais. Ou seja, aproveita melhor a janela de aplicações.