A história por trás do Ipanema exposto na 34ª Abertura da Colheita do Arroz do RS

Castor Becker Jr.

O velho Ipanema

O avião agrícola Ipanema EMB-200 prefixo PP-FFC foi fabricado pela Embraer em 1974. Naquele mesmo ano foi encomendado pelo Ministério da Agricultura, destinado à formação de pilotos agrícolas na Fazenda Ipanema, que funcionava no interior de Sorocaba (hoje Município de Iperó), São Paulo. O local era uma verdadeira academia mantida pelo Ministério para formação de desses profissionais – com hangares, aviões e helicóptero agrícola, alojamentos, refeitório, sala de aula e pista.
Ali funcionava o antigo Curso de Aviação Agrícola (Cavag), instituído em 1965, no início da regulamentação do setor aeroagrícola. E onde a primeira turma ocorreu em 1967, com 10 alunos.
Isso cerca de 20 anos após o primeiro voo agrícola no Brasil, realizado em Pelotas (veja mais abaixo) e quando o setor começou a ganhar regulamentação específica. Até então, tudo funcionava com pilotos experientes em aeronaves adaptadas. Juunto com agrônomos e pesquisadores que se esrforçavam para implantar aqui uma tecnologia que já existia no mundo desde 1921.
Inclusive no Rio Grande do Sul, onde já nos anos 1950 a aviação passou a atuar forte na lavoura arroz. Como é até hoje (porém, agora altamente regulada e com tecnologia de ponta). Sendo responsável por mais 70% do trato desse tipo dessa cultura no Estado.
O Cavag da Fazenda Ipanema acabou extinto em 1992, tendo formado quase 1 mil pilotos agrícolas em toda sua trajetória. Depois disso, o curso passou para a iniciativa privada, a cargo de escolas credenciadas pelo Ministério da Agricultura. Algumas delas no Rio Grande do Sul.
Com o fechamento da antiga “academia” de pilotos, cinco dos aviões de instrução foram repassados para universidades em todo o País. Com apoio do pesquisador Wellington Pereira Alencar de Carvalho – antigo professor da Fazenda Ipanema e ainda hoje na ativa, como uma das maiores autoridades do setor no País.
Assim, o PP-FFC acabou destinado em 1994 à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem), da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). Um honrado destino: para auxiliar nas disciplinas de mecanização e tecnologias na centenária faculdade – onde funciona o primeiro curso de Engenharia Agrícola do País.
O aparelho foi reformado pela empresa Mirim Aviação Agrícola, também de Pelotas.
E segue junto ao berço da aviação agrícola brasileira.

O início de tudo

Lembrando que o setor aeroagrícola de nosso País nasceu em Pelotas, em 19 de agosto de 1947.
Foi quando o piloto Clóvis Gularte Candiota e o agrônomo Antônio Leôncio de Andrade Fonteles (então chefe local do Ministério da Agricultura) decolaram do Aeroclube da cidade para combater gafanhotos que desde o ano anterior dizimavam lavouras no Estado.
Com um sistema de pulverização improvisado no avião do aeroclube, a ferramenta foi a única que resolveu a questão.
Marcando o início da segunda maior e uma das melhores aviações agrícolas do planeta.

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